Os montados são uma das paisagens culturais com elevada biodiversidade e interesse para a conservação. São constituídos essencialmente por carvalhos, azinheiras e sobreiros que são árvores fornecedoras de bolota.
O consumo de bolotas remonta ao século XIV, especialmente na forma de farinha. Antigamente era considerado um alimento importante, principalmente para as pessoas com fracos recursos. A recolha de bolotas era permitida a partir do Dia de Todos os Santos, 1 de novembro, embora pudesse ser realizada a partir de meados de setembro até meado de novembro, quando já apresentam um tom acastanhado quando maduras.
Era consumida de diversas formas, chegando a fazer parte de receitas da doçaria conventual. Deixamos-lhe uma receita que fazia parte do livro de Soror Maria Leocádia Tavares de Sousa que professou no Convento da Conceição de Beja.
Atualmente a bolota destina-se principalmente à alimentação de suínos.
A bolota é um fruto de casca rija que pode ser ingerida ao natural, em farinha ou em óleo. A farinha derivada deste fruto é sem glúten e como tal pode ser uma alternativa para confecionar produtos de padaria para indivíduos intolerantes ao glúten.
Do ponto vista nutricional, é um fruto oleaginoso com um perfil de lípidos semelhante ao azeite e com elevado teor de ácidos gordos polinsaturados n-3 e ácido α-linoleico. Este fruto contém na sua composição fitoquímicos, cuja quantidade varia entre espécies. A presença destes elementos é benéfica para a saúde uma vez que podem contribuir na redução/ prevenção do risco de doenças cardiovasculares e inflamatórias, diabetes e cancro.
Os hidratos de carbono são a principal reserva de energia deste fruto. Comparativamente com a castanha e frutos oleaginosos como a noz ou amêndoa, verifica-se que o teor de hidratos de carbono da bolota e castanha é semelhante, mas a quantidade de lípidos é superior nas bolotas, porém bastante mais reduzido que a quantidade de gordura e proteínas da noz e amêndoas.
Tradicionalmente costumam se dividir as bolotas em dois tipos, em doces (azinheira) e amargas (carvalho). A maioria das bolotas são comestíveis, embora algumas contêm elevados teores de taninos responsáveis pelo amargor e adstringência dos frutos. A cozedura é um dos procedimentos usados para diminuir a concentração de taninos, promovendo a hidrólise e a eliminação das suas propriedades adstringentes. A confeção das bolotas altera as propriedades sensoriais e nutricionais e melhora as propriedades organoléticas, a biodisponibilidade de nutrientes e o tempo de conservação.
Do ponto de vista da sustentabilidade, as bolotas e os seus subprodutos poderão substituir produtos que são geralmente mais caros e com um impacto negativo no ambiente, especialmente sob a forma de óleo e de farinha.
Uma das maneiras mais fáceis de cozinhar bolotas é assá-las. Experimente a nossa sugestão:
Descasque as bolotas e coza-as por 15 minutos. Remova a água e adicione água fresca e coza novamente. Repita este processo até que a água deixe de ficar castanha. Pré-aqueça o forno a 180ºC e coloque as bolotas previamente secas numa assadeira, e polvilhe com sal fino. Deixe torrá-las durante 15 a 20 minutos e estarão prontas quando tiverem um tom acastanhado.
Convidamo-lo a desfrutar da nossa paisagem e a descobrir as azinheiras na nossa herdade.
Acorn
Montado is one of the cultural landscapes with high biodiversity and interest in conservation. They are essentially made up of oak trees, holm oaks, and cork oaks which are trees that supply acorns.
The consumption of acorns dates back to the 14th century, especially in the form of flour. In the past, it was considered an important food, especially for people with weak resources. The collection of acorns was allowed from All Saints' Day, November 1, although it could be done from mid-September until mid-November when they already have a brownish tone when ripe.
It was consumed in different ways, becoming part of the recipes of conventual sweets. Here we provide you with a recipe from Soror Maria Leocádia Tavares de Sousa book that professed at the Conceição Convent located in Beja.
Currently, the acorn is mainly intended for the feeding of pigs.
Acorn is a hard shell fruit that can be ingested naturally, in flour or in oil. The flour derived from this fruit is gluten-free and as such can be an alternative to make bakery products for people with gluten intolerance.
From a nutritional point of view, it is an oleaginous fruit with a lipid profile similar to olive oil and with a high content of n-3 polyunsaturated fatty acids and α-linoleic acid. This fruit contains phytochemicals, whose amount varies between species. The presence of these elements is beneficial for health since they can contribute to the reduction/prevention of risk of cardiovascular and inflammatory diseases, diabetes, and cancer.
Carbohydrates are the main energy reserve of this fruit. Compared with chestnuts and oil fruits such as walnuts or almonds, it appears that the carbohydrate content of acorn and chestnut is similar, but the amount of lipids is higher in the acorns but much lower than the amount of fat and walnut proteins and almonds.
Traditionally, acorns are divided into two types, sweet (holm oak) and bitter (oak). Most acorns are edible, although some contain high levels of tannins responsible for the bitterness and astringency of the fruit. Cooking is one of the procedures used to decrease tannin concentration, promoting hydrolysis and the elimination of its astringent properties. The confection of acorns alters the sensory and nutritional properties and improves the organoleptic properties, the bioavailability of nutrients, and the shelf life.
From the sustainability point of view, acorns and their by-products may replace products that are generally more expensive and have a negative impact on the environment, especially in the form of oil and flour.
One of the easiest ways to cook acorns is to bake them. Try our suggestion:
Peel the acorns and cook them for 15 minutes. Remove the water and add fresh water and cook again. Repeat this process until the water stops turning brown. Preheat the oven to 180ºC and place the acorns previously dried in a baking dish, and sprinkle with fine salt. Let them toast for 15 to 20 minutes and they will be ready when they have a brownish tone.
We invite you to enjoy our landscape and to discover the holm oaks on our property.
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